quinta-feira, 11 de abril de 2013

Meu primeiro emprego.



Existe uma coisa que muitos adolescentes não entendem. A sensação de liberdade que o trabalho dá. Juro que se eu soubesse isso antes, teria começado a trabalhar muito mais cedo, mas como todo adolescente cabeçudo e de mente pequena, não me sujeitava a começar de baixo para ter sucesso no futuro. Não aceitava empregos em que a escala de trabalho incluíssem o final de semana e os feriados. Decisão puramente imbecil, já que na minha situação, não poderia me dar ao luxo de escolhas.

Para que você possa entender melhor, vou explicar do início.

Eu tinha uns 18 anos de idade, tinha terminado o Ensino Médio recentemente e procurava uma atividade remunerada onde pudesse ocupar meu tempo livre, claro, durante a semana, pois os dias de fim de semana, não queria desperdiçar com essa bobagem de trabalho. “Se tantos amigos meus conseguem trabalhos de segunda a sexta, por que eu teria que trabalhar aos finais de semana?” – Pensava eu. Foi uma das piores decisões que tomei quando jovem. Desperdicei oportunidades que poderiam ter me rendido belos frutos, não uma carreira ou um grande salário, mas o mais importante para qualquer jovem que queira ingressar no mercado de trabalho, experiência.

A experiência quando procuramos o primeiro emprego é um grande aliado, mas também um grande tormento. O mercado de trabalho valoriza novos talentos, mas tem medo ou um certo “preconceito” com jovens que não tem nenhuma experiência de trabalho. Você pode mentir sobre supostos talentos, mas quando tiver que colocar em prática a máscara irá cair e sua reputação será manchada. Sim, você tem uma reputação. Na vida nós temos que criar um network de coisas boas e em todos os lugares que passamos temos que deixar sempre as melhores impressões.

Pois bem, eu como não tinha nenhuma experiência, nenhum dinheiro para me preparar com cursos (meus pais nunca puderam me dar esse luxo), e arrogância de sobra, não conseguia nenhum emprego que me agradasse ou que me aceitasse, ou seja, eu torcia o nariz para os que me aceitariam e esperava que os que não me queriam me aceitassem. Resumindo, dei murro em ponta de faca por mais ou menos 1 ano.

A situação foi ficando crítica e eu cada dia mais desgostoso. Eu nunca fui uma pessoa que gosta de ser dependente dos outros, sejam elas parentes ou não. Nunca admiti a minha derrota nesse sentido, queria sempre fazer as coisas sem ajuda. Até que o dia em que a fixa caiu, chegou.

Uma amiga minha, Simone, me contou de um lugar que tinha uma vaga. Perguntei a ela onde ficava e do que se tratava o lugar. Torci o nariz, mas o orgulho já não falava tão alto assim e decidi ir até lá para entregar um currículo. Cheguei lá meio cansado e meio suado, tinha andado um pouco para achar a empresa. Lembro como se fosse ontem. O bairro tem características de Classe Média/Alta, então o lugar até que era bonito. Tive que subir uma escada que pra mim parecia um pouco longa de mais e quando cheguei ao último degrau, me deparei com um balcão prateado, de ferro. A gerente do lugar estava ali no balcão e me recepcionou.

O diálogo foi mais ou menos assim:

Gerente: Oi!
Eu: Oi, eu gostaria de entregar meu currículo.
Gerente: Ah, tudo bem.

Atrapalhei-me um pouco para tirar meu currículo da mochila e entreguei nas mãos da Gerente. Ela me deu um sorriso, agradeci e fui embora. Naquela época eu estava passando por um “processo seletivo” para trabalhar com um cara em filmagens de festas infantis e casamentos. Seria o emprego dos meus sonhos, já que sempre gostei dessa coisa de filmagem, edição, fotografia. O problema é que o cara queria que eu trabalhasse para ele por 1 mês (prazo de experiência) sem receber nada.  Eu não tinha dinheiro nem para comprar um cachorro quente, que naquela época custava uns R$ 0,50, quanto mais ter dinheiro pra bancar condução, almoço e outras despesas. Então dispensei e aguardei a resposta da outra empresa.

Você já deve estar se perguntando qual a empresa, não é? Pois é, a empresa, na verdade loja, era uma Locadora de Filmes. Sim, locadoras. Sim, eu teria que trabalhar de final de semana. Mas no meu caso, era isso ou ficar dependendo dos meus pais por mais tempo. E isso era inadmissível pra mim.

Quando eu menos esperava, ligaram para minha atual namorada (na época) e marcaram um dia para a entrevista. Eu não tinha um celular, antes que você pergunte e eu não gostava muito de ficar em casa, então eu direcionava os contatos das empresas para a casa dela, já que ela não saia muito.

Me arrumei da melhor forma que eu podia (sem muito sucesso) e fui para a entrevista. Foi um tanto estranho, já que não disse quase nada. A entrevista foi feita pela Gerente, que pegou meu currículo e o Supervisor dela, que não me deixava dizer muita coisa. Perguntou coisas como: “Você tem tatuagem?”, “Você tem piercing?” e etc. As únicas coisas que conseguia responder realmente era SIM ou NÃO.

Foi meio estranho, foi rápido, eu suava... pareceu muito com a minha primeira transa. Mas no final eu consegui passar na entrevista e fui admitido, mas vou contar as histórias de lá em outros post por que se não, ficaria muito grande e sinceramente, eu tenho história pra caralho pra contar.

2 comentários:

  1. O primeiro emprego é realmente muito complicado,porém fica a dica aos jovens, o sucesso é como uma escada, que você tem que subir pacientemente cada degrau(isso claro se você for uma pessoa comum como nós,e não uma pessoa que tenha nascido em berço de ouro) =)

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    1. pois é, como a gente tem que ralar pra conseguir o nosso espaço é sempre muito mais difícil!

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